ULTRA-ROMANTISMO

Sou vidrado em literatura e, como tal, adoro poesia. Uma das minhas favoritas é a poesia da 2ª Fase do Romantismo, chamada também de Ultra-Romantismo, Mal-do-Século, Byronismo ou Geração Spleen.
Essa geração de poetas, tanto no Brasil como no exterior, aborda como temas a melancolia, a depressão, a morte, o tédio, a escuridão e a noite, o macabro, a sexualidade, o vazio existencial e a vida da juventude burguesa. Ou seja: meus temas favoritos. É incrível como eles relatam com sensibilidade, emoção, profundidade e sinceridade esses temas, a dor de viver uma vida infeliz, de desejar algo que não se pode ter, de o meio a sua volta não lhe agradar e lhe entediar, de estar sempre triste e cansado e a vontade de viver uma vida em função dos prazeres.
Todos os poetas dessa fase eram bem jovens; Álvares de Azevedo, por exemplo, morreu aos 20 anos; e se caracterizam também por serem jovens burgueses, estudantes, iniciando a vida madura, em uma fase de descobertas, desejos à flor da pele.
Álvares de Azevedo, por exemplo, nem tinha experiência de vida: coloca em seus poemas temas psicológicos, mentais, sentimentos e desejos além de temas literários.

Bem, fica aí a dica de leitura: a segunda geração romântica.

Adeus, meus sonhos
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!

Não levo da existência uma saudade!

E tanta vida que meu peito enchia

Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! Votei meus pobres dias

À sina doida de um amor sem fruto,

E minh'alma na treva agora dorme

Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo

A estrela de meus cândidos amores,

Já não vejo no meu peito morto

Um punhado sequer de murchas flores!

(Álvares de Azevedo)